Bolhão Redux - Equipa A - Apresentação

Workshop PORTO REDUX
Equipa A - André Eduardo Tavares
Mercado do Bolhão ou> vamos à praça



I. Análise
O Mercado do Bolhão é um edifício fundamental no contexto urbano, histórico e cultural da (so)ci(e)dade do Porto. Apesar de ocupar uma posição central na cidade e na baixa, situa-se pelas condicionantes próprias do tempo, cada vez mais separado dos movimentos urbanos quotidianos que constroem o dinamismo próprio da cidade e de uma baixa (que quer ser) contemporânea. De certa forma, a estrutura rígida do Mercado cria uma distância cada vez maior, entre ele próprio e a cidade, entre os serviços que propõe e as pessoas que o procuram. Essa é a distância que interessa recuperar. Um problema de programa, mas também, um problema de espaço, de espaço arquitectónico.
“O exercício que me proporia seria, o de repensar o novo programa dessa parede para o interior e, ao mesmo tempo, do interior para fora. Assim, e ao contrário, do que se faz habitualmente num centro comercial solitário, neste caso o programa não pode ser um dado padronizado, mas uma resultante nova do que essa dialéctica “interior/exterior” e “pré-existente/modificação” nos imporia.”
Nuno Portas (texto apresentado à segunda sessão do seminário Porto Redux)


II.Conceito
Esta proposta oferece assim a possibilidade de passagem da actual zona de mercado para um sistema de galerias, assumindo a existente e acrescentando a esta, duas novas galerias, aproveitando toda a cota do edifício. Liberta-se todo o piso térreo ao nível da Rua Formosa, permitindo, do nosso ponto de vista, ampliar as possibilidades de uso deste espaço. Para além da possibilidade de mercado (volante/temático/de pequena escala) continuar a existir, potenciamos novas actividades. Passa a existir espaço para restauração, abrimos entradas/saídas para a Estação do Metro do Bolhão, e abrimos a entrada sul a toda a largura do edifício à cota da rua Fernandes Tomás.


III. Projecto
Pretende-se assim, criar uma grande flexibilidade entre os programas presentes dentro e fora do edifício do Mercado. Flexibilidade de usos e de actividades, num movimento contínuo, onde as diversas funções se contaminam entre si, chamam e atraem públicos diferentes, em horas diferentes. Ao colocar o Mercado nas Galerias, não só se cria uma distribuição mais equilibrada das diversas funções, como se abre o Mercado à Cidade. A Praça é o elemento fundamental dessa ligação e tem uma dupla função: é mercado (mercados temático, feiras temporárias), mas também, Espaço Público e Rua, lugar para esplanadas e cafés, para bares e pequenas lojas (lojas de gastronomia, gourmet, produtos tradicionais). Há uma contaminação permanente entre as diversas funções e os diversos espaços. Já não há apenas um único espaço uniforme, vago, incerto, mas vários espaços que se complementam e (re)constroem uma ideia contemporânea de Mercado.
Por outro lado, ao (re)desenhar-se a Galeria, desenha-se precisamente aquele elemento, que do ponto vista arquitectónico, é menos interessante dentro da estrutura nobre do edifício do Mercado do Bolhão. Essa estrutura deverá ser o mais leve possível, desenhando um alçado que remeta para, e mostre os diversos usos e apropriações que aí se vão desdobrar. Do ponto vista funcional o espaço dedicado aos mercadores, poderá ser sempre fechado, de maneira a que a circulação se proceda mesmo durante os períodos nocturnos. A galeria poderá, assim, estar aberta mesmo quando o mercado não está em funcionamento. Praça e Galeria apesar de parte integrante do mesmo programa podem funcionar independentemente. Mais do que apenas um mercado, o Bolhão deve ser, acima de tudo, um espaço público, algo que afinal o mercado sempre foi.

André Eduardo Tavares + Pedro Bismarck

ficha técnica
Arquitecto André Eduardo Tavares Monitor Pedro Bismarck Grupo Ana Sofia Fernandes Cássio Sauer Carolina Castro Diana Sousa Diogo Aguiar Telma Pinto de Oliveira